Desci do trem em Saint-Jean-Pied-de-Port, no sul da França, misturada com algumas dezenas de peregrinos, todos nós meio parecidos, de mochilas nas costas e calças tactel. Fui para o hostel, larguei as coisas e voltei para a rua, encantada com a atmosfera da cidade. Foram tantos anos sonhando, e de repente, lá estava eu, em meio à realidade.
Andei a esmo, a atenção dividida entre os detalhes urbanos históricos e as pessoas. Queria ver tudo, absorver cada canto e ser que passasse por mim, sugar até a última gota para que a cidade vivesse em mim, mesmo quando eu fosse embora, ao subir para Roncesvalles.
Qual a história por trás de um rosto? O que a trouxe até aqui? Porque o Caminho? Enquanto esses questionamentos chegavam, tomei consciência de que eu era mais uma peça naquele mosaico de peregrinos. Sob os paralelepípedos da cidade medieval com quase 800 anos de idade, dividíamos o começo de uma longa jornada, ainda que, talvez, nunca trocássemos uma só palavra. Éramos um bando de desconhecidos prestes a entrar numa missão onde variam os porquês, mas permanece o objetivo: chegar em Santiago de Compostela.
Juntos, compartilhamos a mesma estrada, mas cada um seguindo o seu destino.
Quando cheguei, achava que estava lá para realizar um sonho antigo, com sabor de adolescência, da Leticia de 12 anos de idade. Li Diário de um Mago, e disse alto, para me ouvir com clareza: um dia vou viver isso. Fui cumprir a promessa, quase 20 anos depois. Sem dúvida um bom porquê.
Mas, como dizem, o caminho se faz caminhando. Fui descobrindo o que havia por trás daquele sonho a medida que os dias foram passando, a bota já gasta após algumas centenas de quilômetros. Percebi que, até então, eu havia muito lido, e pouco vivido. Mas lá, finalmente, eu era a protagonista da aventura, ditando o ritmo, a rota, o tamanho da passada. Nunca antes eu havia caminhado assim, com minhas próprias pernas. Cheguei até a duvidar que eu era possível.
Esses momentos em que temos para nos auto validar são valiosos. Acho que por isso nossos sonhos tem tamanha importância, quase como uma declaração de amor para e por nós mesmas. Até hoje, a lembrança do momento em que cheguei em Santiago de Compostela, depois de 800 km e 33 dias caminhando, é como um bálsamo de cura nos momentos em que falta esperança, internamente ou na vida.
Não fui fazer o Caminho de Santiago para realizar um sonho, mas para comprovar que sonhar é mais do que possível: é necessário. Não decidi caminhar quase 1000 km para provar para mim mesma que consigo, mas para validar o meu direito e potência, de desejar e realizar.
Não sei qual teu sonho hoje, mas espero do fundo do coração que nunca te falte inspiração para seguir em frente e torná-lo realidade.
E se o Caminho de Santiago é uma jornada que te chama, aproveito para contar que finalizei o e-book em que trago os detalhes de tudo que você precisa para tirar esse plano do papel.
Ficou a coisa mais linda, graças ao trabalho do Marcelo Casamasmo, que arrasou no design e diagramação. Tô muito orgulhosa e feliz de compartilhar esse material com você e espero que ele seja uma mão na roda para você realizar seu sonho.
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Travel Guide Caminho de Santiago de Compostela
Por hoje é só, mundo! Obrigada por seguir aqui <3
Até o próximo texto.